quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fichamentos

FRAGOSO, Luciana Vládia Carvalhêdo et al. Vivências cotidianas de adolescentes com diabetes mellitus tipo 1. Texto contexto - enferm. [online]. 2010, vol.19, n.3, pp. 443-451. ISSN 0104-0707.


"A International Diabetes Federation (IDF) 
revela que a cada ano mais de 70 mil crianças e 
adolescentes desenvolvem Diabetes Mellitus do 
tipo 1 (DM 1). Diante deste quadro, a assistência 
ao adolescente com Diabetes Mellitus (DM) e suas 
famílias deve visar o viver mais saudável, indo 
além do conhecimento sobre as alterações físicas e 
psíquicas, mas é necessário também compreender 
as experiências construídas por essas pessoas no 
processo de viver com a doença.
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Dessa maneira, os profissionais encarregados 
de promover a saúde dos adolescentes devem 
fazer uso da visão positiva que os adolescentes 
possuem de si, tendo como meta subsidiá-los na 
aceitação de seus potenciais e limites e na capacidade de ousar a vida.
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 Para tanto, é preciso ser 
conhecido suas histórias e experiências, o significado que atribui à saúde e à doença e sua correlação 
com os modos de vida.
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A descoberta do DM 1 em um adolescente 
requer além da incorporação de novos hábitos 
como o uso da insulina, realização de glicemia e 
a incorporação da atividade física diária, mas em 
especial perpassa pela aceitação da condição de 
portador de DM 1 que por vezes é percebida como 
uma doença que impõe limitações além das físicas, 
pois coloca a pessoa numa condição crônica pelo 
resto de sua vida.
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Então, estar aberto a compreender o viver 
do adolescente com diabetes é ponto fundamental para que se preste uma assistência eficaz e se 
propicie uma melhor qualidade de vida para o 
mesmo, minimizando os sentimentos negativos. 
Contudo, no âmbito hospitalar de muitas instituições públicas que atendem adolescentes diabéticos, percebemos que parte dos profissionais 
ainda permanecem voltados para o controle glicêmico, em detrimento dos aspectos existenciais, 
dicotomizando seu corpo entre ser diabético e ter 
diabetes, numa clara demonstração que o cuidado 
ainda é mais voltado para doença do que para o 
ser que a possue. 
Todavia, muitos profissionais de saúde 
tentam compreender o que os adolescentes com 
DM 1 buscam para o seu tratamento e cuidado, 
através de ações mais humanizadas, centradas no 
respeito e na troca de saberes, numa relação mais 
horizontal. Tal aspecto ganha destaque inclusive 
em pesquisas. Dentre as encontradas três são destacáveis pelos seus achados."(p.444)


"Trata-se de um estudo descritivo de cunho 
qualitativo. A pesquisa foi desenvolvida no ambulatório de um hospital universitário de referência 
em atendimento aos portadores de diabetes, localizado na cidade de Fortaleza-CE. Na instituição, os 
adolescentes com DM recém-diagnosticados têm 
consultas mais freqüentes no serviço, com a melhora da saúde o acompanhamento normalmente 
acontece a cada três meses. A equipe de saúde era 
composta por endocrinologistas, um enfermeiro 
gerente e dois assistenciais, nutricionistas e técnicos de enfermagem. 
Participaram do estudo 14 adolescentes 
com DM 1, com pelo menos um ano de tratamento, de ambos os sexos, procedentes do interior ou 
capital, na faixa etária de 12 a 18 anos. A opção 
por adolescente em tratamento para diabetes 
há pelo menos um ano ocorreu para auxiliar 
na obtenção de dados mais consistentes, pois 
haveria um tempo de experiência maior com a 
doença e um cenário com riqueza de informa-
ções, ambos requisitos importantes no delineamento qualitativo de pesquisa.
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A faixa etária 
foi delimitada com base no Estatuto da Criança 
e do Adolescente.
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O estudo foi realizado no período de junho 
à outubro de 2008, após autorização do Comitê de 
Ética em Pesquisa da instituição. Foram realizadas 
entrevistas semi-estruturadas com três perguntas 
norteadoras como forma de pré-teste com três jovens. Diante das limitações percebidas nessa fase 
novas questões foram acrescidas a fim de se obter 
mais dados acerca da experiência do adolescente 
em ter uma doença crônica como o DM 1.
P a r a   c o l e t a r   o s   d a d o s   s e   a g u a r d a v a   o 
comparecimento do adolescente na sala de procedimentos para coleta de exames laboratoriais, 
quando era explicado o objetivo da pesquisa ao 
mesmo e ao seu responsável e solicitado a assinatura do responsável ou do adolescente, caso 
tivesse idade ≥ 18 anos, do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As entrevistas 
foram gravadas em aparelho MP 4, antes ou após 
o adolescente ter realizado sua consulta, salas 
privativas, para não prejudicar o fluxo do serviço 
e garantir o sigilo, a privacidade e a qualidade 
da gravação."(p.445)


"Será que conhecer a realidade cotidiana do 
adolescente com DM 1 contribui com o melhor manejo do seu tratamento? Sim, conhecer a realidade 
vivida pelos adolescentes com DM 1 e compreender suas experiências cotidianas nos permitiu identificar alguns aspectos que contribuirão de maneira 
positiva ou negativa para o manejo do tratamento 
do DM. Através dos discursos dos adolescentes 
percebemos suas dificuldades ou facilidades para 
lidar com uma doença crônica diariamente.
Os discursos revelaram que para nos apropriarmos de um cuidado com qualidade é preciso 
ouvir os adolescentes, para assim podermos construir uma assistência que valorize seus sentimentos, atitudes, relações sociais, culminando assim 
em adolescentes competentes para o autocuidado, 
e que por isso terão poucas complicações em decorrência do DM, por receberem assistência profissional e familiar integral com vistas à promoção 
de sua saúde. Mas, para isso, é necessária uma 
remodelagem na forma de assistir ao adolescente 
com DM 1, priorizando suas necessidades e planejando juntamente com eles e seus familiares ações a "(p.449)

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