BELINI, Aline Elise Gerbelli e FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda. Olhar e contato ocular:desenvolvimento típico e comparação na Síndrome de Down. Rev. soc. bras. fonoaudiol.[online]. 2008, vol.13, n.1, pp. 52-59. ISSN 1982-0232.
"As questões referentes às relações entre o contato ocular
e o período inicial do desenvolvimento da comunicação e
da linguagem apenas recentemente vem recebendo a aten-
ção de pesquisadores. O contato ocular é provavelmente
um dos primeiros indícios de comunicação interpessoal no
desenvolvimento humano. O presente estudo buscou identificar os padrões de desenvolvimento de bebês sem indícios
de alterações de desenvolvimento e de recém-nascida com
síndrome de Down"(p.52)
"Objetivo: Investigar o desenvolvimento do olhar e do contato ocular em bebê portadora de síndrome de Down, comparando a freqüência de seu olhar para diferentes alvos ao comportamento visual de bebês em desenvolvimento típico. Métodos: Um bebê, do
gênero feminino, portador de Síndrome de Down, sem distúrbios visuais diagnosticados até a conclusão da coleta, e 17 bebês em
desenvolvimento típico, foram filmados mensal e domiciliarmente, em interação livre com suas mães, do primeiro ao quinto mês
de vida. Foi contabilizada a freqüência do olhar dirigido a 11 alvos, entre eles “olhar para os olhos da mãe”. Resultados: Os bebês
em desenvolvimento típico apresentaram evolução estatisticamente significante, ao longo do período, nas freqüências de “olhos
fechados” e de seu olhar para “objetos”, “a pesquisadora”, “o ambiente”, “o próprio corpo”, “o rosto da mãe” e “os olhos da mãe”.
Houve estabilidade estatística da amostra em “olhar para outra pessoa”, “olhar para o corpo da mãe” e “abrir e fechar os olhos”. O
desenvolvimento do olhar e do contato ocular ocorreu de forma estatisticamente muito semelhante no bebê com síndrome de Down,
em comparação com as médias dos demais bebês (teste qui-quadrado) e com sua variabilidade individual (análise por aglomerados
significativos). Conclusões: A interação precoce entre o bebê e sua mãe parece interferir mais na comunicação não-verbal da dupla
do que limitações geneticamente influenciadas. Isto pode ter refletido nas semelhanças encontradas entre o desenvolvimento do
comportamento e do contato visuais no bebê com síndrome de Down e nas crianças sem alterações de desenvolvimento."(p.52)
"As categorias de observação do olhar em que os 17 sujeitos
em desenvolvimento típico apresentaram modificações estatisticamente significantes ao longo do período estudado (Teste de
Friedman) foram oito: “olhos fechados” - OF (p=0,005), “olhar
para objetos” - OJ (p<0,001), “olhar para a pesquisadora” -
OP (p<0,001), “olhar para o ambiente de forma ativa” - OAA
(p<0,001), “olhar para o ambiente de forma passiva” - OAP
(p<0,001), “olhar para o próprio corpo” - OPC (p=0,001),
“olhar para o rosto da mãe” - OMR (p<0,001) e “olhar para
os olhos da mãe” - OMO (p<0,001).
Nestas oito COO houve motivação estatística para
proceder-se a comparação entre momentos (teste dos postos
sinalizados de Wilcoxon). A Tabela 1 indica as diferenças
estatisticamente significantes entre as freqüências em que os
dezessete sujeitos em desenvolvimento típico apresentaram
cada uma das COO."(p.55)
"Longitudinalmente, de zero a quatro meses, bebês em desenvolvimento típico apresentam evolução na freqüência de seu
olhar para diferentes alvos, como: “objetos”, “a pesquisadora”,
“o ambiente (de forma ativa e passiva)”, “o próprio corpo”,
“o rosto da mãe” e “os olhos da mãe”, além da ocorrência
“olhos fechados”.
O desenvolvimento do olhar e do contato ocular ocorreu
de forma muito semelhante no bebê com síndrome de Down,
em comparação com o grupo de bebês sem alterações no
desenvolvimento.
Neste período precoce do desenvolvimento, o papel da mãe
em interação com o bebê é fundamental e parece exercer mais
influência na qualidade da comunicação não-verbal do bebê
do que suas limitações geneticamente influenciadas, já que o
atraso esperado pode ainda não ter sido manifesto. "(p.58)
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