terça-feira, 31 de maio de 2011

*PROFESSORA Roseli  Barbosa
Ø  1-Local que fez a especialização?
USP. Universidade de são Paulo
Ø  2-Em qual a instituição trabalha?
Urca. Universidade regional do cariri      
Ø  3-por que razões você escolheu se especializar nessa área?
Influência dos professores
Ø  4-qual a área de formação ?
Fisiologia humana
Ø  5-com o que trabalha e se tem relação com sua área  ?
Ação,produtos naturais na musculatura lisa
Ø  6-qual dificuldade enfrentou na especialização, mestrado ou doutorado ?
Na língua estrangeira

domingo, 22 de maio de 2011

Os dentes do ofício: a evolução do trabalho dos dentistas

Os dentes do ofício: a evolução do trabalho dos dentistas

Eles já recomendaram bochechos com xixi e foram especialistas em cortar cabelos - mas salvaram nossa pele ao inventar a anestesia. Conheça a milenar (e assustadora) saga dos dentistas

por Mariana Sgarioni
Deitado, de boca aberta há vários minutos, o homem não pára de suar frio. Na luta para lhe extrair um den­te do siso, o dentista apóia os cotovelos no peito do paciente. O sangue jorra até que, enfim, o dente sai na ponta do alicate – o temido boticão. Esta cena aconteceu há mais de 2 mil anos. Mas pode também ter acontecido agora há pouco, em um consultório perto da sua casa. “O cirurgião deve agarrar firmemente a cabeça do paciente entre seus joelhos e aplicar umboticão robusto, extraindo o molar verticalmente, para que não se quebre”, escreveu Albucassis, cirurgião árabe do século 5. É lógico que hoje contamos com novas tecnologias – a começar pela anestesia –, mas o método e os instrumentos para esse tipo de intervenção não mudaram tanto assim. Deve ser por isso que, quando se fala em dentista, muita gente sente um certo incômodo (para não dizer pânico).
Embora nosso imaginário sugira outra coisa, os dentistas estão bem longe de serem torturadores sádicos. Foram eles que batalharam, por exemplo, para inventar aanestesia, que nos livra de dores muito piores que as de dente. Tiveram ainda uma importante participação na pesquisa de medicamentos e cuidados que contribuíram muito para a evolução do saneamento e da saúde pública. Entretanto, é verdade que, apesar de ter se estabelecido em cima de sólidos preceitos científicos, a história da odontologia passa por alguns momentos horripilantes. Prepare-se para conhecê-la melhor a partir de agora. E pensar sobre isso quando estiver sentado numa sala de espera, lendo uma revista velha e ouvindo Ray Conniff, enquanto aguarda por mais uma sessão daquele famigerado tratamento de canal.
Grandes arrancadas
Há tempos os dentes nos causam dor de cabeça (e de dente, lógico). Pesquisadores da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, descobriram que, na África, uma bactéria causadora de cáries já infestava a boca de seres humanos há 100 mil anos. Os cuidados com os dentes também parecem ser bastante antigos – e podem não ter sido exclusividade da nossa espécie. Em setembro deste ano, paleontólogos espanhóis divulgaram a descoberta, na região de Madri, de dois molares neandertais com mais de 60 mil anos. Eles traziam marcas aparentemente causadas por gravetos de madeira, o que indica que esses hominídeos (que acabaram extintos) gostavam de palitar – ou “escovar” – os dentes.
Os mais antigos relatos conhecidos sobre problemas com os dentes têm cerca de 5 mil anos. Eles dizem que as cáries seriam causadas por “vermes” e foram encontrados em tabletes de argila sumérios feitos na Mesopotâmia, a planície situada entre os rios Tigre e Eufrates (no atual Iraque). Na mesma região, foram achadas peças de limpeza dentária, como palitos feitos de metal trabalhado, que teriam sido elaboradas por volta de 3500 a.C. Demoraria um bocado, entretanto, para que alguém achasse necessário formar profissionais especializados em odontologia.
Os primeiros dentistas de que se tem notícia eram médicos. O mais antigo deles foi o egípcio Hesi-Re, que viveu há cerca de 4500 anos. Ele era conhecido como o “maior médico que tratava dos dentes” – modo como foi eternizado em hieróglifos. Parece que a especialidade de Hesi-Re e seus contemporâneos era a extração – é o que indicam os crânios banguelas daquela época que foram encontrados. O que não faltava era trabalho: os egípcios sofriam de uma grande variedade de enfermidades dentais, causadas por falta de higiene e por sua alimentação. A farinha usada no pão, base da dieta egípcia, vinha carregada de grãos de areia. O mesmo acontecia com os vegetais, que eram cultivados em solo arenoso e não eram lavados adequadamente. O hábito involuntário de mastigar areia causava um desgaste enorme nos dentes, além de inúmeros abcessos na boca.
Papiros catalogados na Universidade de Leipzig, na Alemanha, registram diversos tratamentos egípcios para doenças bucais. Para o dente que “corrói as partes altas da carne”, um deles recomenda “amassar uma pasta e aplicar sobre o dente uma parte de cominho, uma parte de incenso e uma parte de cebola” – imagine só o resultado. Já para os abcessos, o tratamento dos egípcios era feito com furos na gengiva, que aliviavam a pressão das bolas de pus que se formavam no local.
Na Grécia antiga, os hábitos de higiene bucal eram um pouco mais parecidos com os nossos. Diocles de Caristo, médico que viveu no século 4 a.C., aconselhava: “A cada manhã deveis esfregar vossas gengivas e dentes com os dedos desnudos e com menta finamente pulverizada, por dentro e por fora, e em seguida deveis retirar todas as partículas de alimento aderidas”. Já os romanos, influenciados pela cultura grega, usavam pós dentifrícios – parentes distantes dos cremes dentais – feitos à base de ossos, cascas de ovos e conchas de ostra. A escovação também foi defendida por ninguém menos que Maomé. No Oriente Médio do século 7, o fundador do islamismo orientava seus seguidores a usarem o siwak – o precursor da escova de dentes, feito de um ramo de árvore cuja madeira contém bicarbonato de sódio.
A principal contribuição dos muçulmanos para a odontologia foi dada por Avicena, que viveu entre 980 e 1037. Um dos médicos mais respeitados do Oriente Médio, ele lançou princípios que chegaram à Europa e se tornaram a base do tratamento dentário medieval. O principal deles se refere a fraturas de mandíbula: Avicena recomendava a aplicação de uma bandagem de fixação em torno do queixo, cabeça e pescoço, além de uma pequena tábua ao longo dos dentes.
Barbeiragens dentárias
Na Idade Média, os responsáveis por exercer a medicina eram os monges católicos. A coisa mudou de figura a partir de 1163, quando a Igreja os proibiu de realizar qualquer tipo de procedimento cirúrgico – incluindo os tratamentos dentários. Essas tarefas sobraram então para os barbeiros. Mas por quê? Em primeiro lugar, é bom dizer que os barbeiros medievais não cuidavam apenas de pêlos. De tanto ir aos mosteiros fazer a barba e tosar os cabelos dos monges, os barbeiros acabavam aprendendo um pouco de medicina com eles. Tornaram-se, com o tempo, auxiliares cirúrgicos dos monges, especializando-se nos diversos tipos de intervenção que os sacerdotes não podiam mais fazer. Tiravam pedras da bexiga, abriam abscessos, praticavam sangrias e, é claro, extraíam dentes. Com o passar dos anos e o afrouxamento da linha dura da Igreja, os monges puderam fazer cirurgias de novo. Mas os barbeiros tinham se tornado arrancadores de dentes tão bons nisso que alguns médicos encaminhavam a eles os pacientes que precisavam de ajuda odontológica.
O aumento de prestígio dos cirurgiões-barbeiros, como passaram a ser chamados, começou a causar confusão dentro da medicina. Em 1540, o rei Henrique VIII, da Inglaterra, publicou um estatuto para a Real Comunidade dos Cirurgiões-Barbeiros, delimitando as áreas de atuação dos barbeiros e dos médicos. As extrações dentárias ficaram permitidas aos dois grupos. Até o século 18, a maior parte dos barbeiros seguiu oferecendo serviços dentários aos seus clientes. E a odontologiacontinuou sendo exercida de forma um tanto mambembe, por profissionais muitas vezes inaptos. Alguns, por exemplo, costumavam armar tendas em mercados e feiras livres – assistir às manipulações bucais feitas pelos barbeiros era uma das diversões preferidas dos passantes.
Enfim, uma ciência
O hábito de ter dentes arrancados em praça pública começou a mudar na época em que o francês Pierre Fauchard escreveu O Cirurgião Dentista. Publicado em 1728, o livro foi um marco na história da odontologia. “Aperfeiçoei e também inventei várias peças artificiais para a substituição dos dentes e para remediar sua perda completa, ainda que em prejuízo do meu próprio interesse”, escreveu, anunciando a invenção de pivôs e dentaduras – e achando que as soluções duradouras iriam diminuir sua clientela. Foi a partir do trabalho de Fauchard que a odontologia foi separada da medicina (e da barbearia).
Além de ter sido pioneiro nas próteses, Fauchard dotou o gabinete de dentista de cadeira apropriada (antes os tratamentos eram, em geral, feitos no chão) e defendeu a odontologia preventiva. Algumas das receitas eram bizarras: Fauchard mandava, por exemplo, enxaguar a boca de manhã com várias colheradas da própria urina. Apesar disso, foi reverenciado por seus sucessores. “Considerando as circunstâncias em que viveu, Fauchard merece ser lembrado como um ilustre pioneiro e fundador da ciência odontológica. Se sua prática era tosca, isso se deveu aos tempos”, disse certa vez o dentista americano Chaplin Harris, que em 1840 fundou a primeira escola de odontologia do mundo, o Baltimore College of Dental Surgery, nos Estados Unidos.
Pouco depois que Harris fundou sua faculdade, um dentista americano deu uma contribuição decisiva para minimizar o sofrimento dos pacientes. Em 1844, o jovem Horace Wells resolveu fazer uma experiência em si mesmo: inalou óxido nitroso – ou “gás hilariante” – antes de um colega lhe extrair um dente. O gás havia sido descoberto em 1776 pelo cientista inglês Joseph Priestley, que provara sua capacidade de acalmar as dores físicas e provocar uma sensação agradável. Sob efeito do gás, Wells não sentiu dor alguma. E virou uma celebridade instantânea.
A fama de Wells, entretanto, durou pouco mais de um mês. Numa demonstração de extração dentária com óxido nitroso, feita diante de um grupo de cirur­giões da Universidade Harvard, o paciente sentiu uma dor danada. Tudo porque Wells retirou o gás antes do tempo. A banca examinadora não perdoou e ele acabou caindo em descrédito. Nesse meio-tempo, quem se deu bem foi William Thomas Green Morton, aluno de Wells que, aconselhado pelo químico Charles Jackson, substituiu o óxido nitroso por éter. Depois de fazer testes em animais e em si mesmo, extraiu um dente de um paciente com absoluto sucesso – ou seja, sem um só grito de dor.
Wells, Morton e Jackson se engalfinharam para provar quem tinha sido o inventor da anestesia. Em 1848, Wells acabou se suicidando de desgosto. Só seis anos depois é que um congresso da Associação Médica Americana resolveu bater o martelo e disse que o descobrimento da anestesia tinha sido obra do “recém-desaparecido Horace Wells”. Morton e Jackson morreram na miséria.
Após a controvertida invenção da anestesia, os dentistas ainda ajudaram muito no avanço das ciências da saúde – aperfeiçoando a radiografia, por exemplo. Mas nem por isso os pacientes sorriem de gratidão quando pensam nos tratamentos odontológicos. Há cerca de dez anos, a Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo fez uma pesquisa para saber que tipo de emoção estava associada ao ato de ir ao dentista. Descobriram que duas das principais eram... o medo e a dor. Se você também treme só de pensar no barulho infernal do motorzinho, pelo menos agora já sabe que, antes, tudo era ainda pior.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

...

O dentista olha para o interior da boca do paciente e abana a cabeça, com uma careta. "Acho que teremos de extrair. A lesão se espalhou por todo o dente". 

"Arrrgh", responde o paciente, segurando com mais força os braços da cadeira. 

"Não se preocupe. Nossos registros nos informam que o senhor tem um depósito de células-tronco conosco. Um dente novo estará pronto rapidamente. Marque uma consulta para colocar o seu dente quando sair. Digamos daqui a dez semanas". 

Quando mencionamos bioengenharia, a última coisa em que as pessoas pensam são dentes. Órgãos vitais como o fígado, os rins ou o coração - os que matam o paciente caso deixem de funcionar, são uma coisa. Mas, dentes?

Alguns poucos grupos de pesquisadores acreditam que, no momento, a odontologia apresente alguns dos desenvolvimentos mais animadores na área da bioengenharia. E talvez demore apenas dez anos para que uma variação da cena descrita acima seja executada de verdade nas cadeiras dos dentistas, calcula Paul Sharpe, diretor de desenvolvimento craniofacial no King's College de Londres. "O objetivo é que, quando você for ao dentista, tenha células extraídas e trabalhadas por engenharia genética", diz. "Depois, as inserimos no lugar onde você precisa de um dente e logo um dente novo cresce". 

Em um mundo cheio de abalos e sem cura absoluta para a decadência dentária, haverá sempre dentes precisando de substituição. Mas, encaremos os fatos: as opções disponíveis são menos que ideais. Dentaduras são desconfortáveis, canhestras e inconvenientes. Implantes de titânio de última geração implicam em trabalho odontológico pesado e sangrento, e ainda assim não são exatamente como dentes reais. Já está mais que na hora de surgirem alternativas melhores. 

A bioengenharia avançou bastante nos últimos anos, e com isso surgiu a possibilidade de criar órgãos do zero. Os dentes são um alvo atraente para os bioengenheiros. Eles não mantêm as pessoas vivas, como o fígado e o coração, de modo que se um dente não crescesse de maneira correta, o dentista poderia simplesmente extraí-lo e começar de novo -algo bem menos temerário do que implantar um fígado criado por engenharia genética e vê-lo deixando de funcionar. Além disso, chegar ao local do implante não requer uma cirurgia de grande porte -apenas o familiar "abra bem a boca". De fato, alguns pesquisadores acreditam que os dentes tenham sido negligenciados de maneira insensata, em comparação com os esforços de criar órgãos mais "glamorosos" por engenharia genética. 

E existe uma boa chance de que a vaidade humana garanta um suprimento constante de dinheiro para a pesquisa necessária. O imenso mercado norte-americano de odontologia cosmética testemunha o anseio de pelo menos um país pelo sorriso perfeito. As empresas de biotecnologia já estão salivando diante da idéia de conquistar uma fatia dessa torta multibilionária. Os fundadores da Dentigenix, uma empresa norte-americana criada em novembro, planejam adquirir licenças para técnicas desenvolvidas por outros pesquisadores que trabalham com reparos dentários e regeneração de dentes integrais. O executivo chefe do grupo, Christopher Somogyi, que costumava trabalhar no ramo de capital para empreendimentos biotecnológicos, diz que a "revolução na engenharia de tecidos que temos na medicina ainda não avançou de maneira equivalente na odontologia. Nas conferências, quando um cardiologista entra na sala, toda a atenção é dedicada a ele". Mas, acrescenta, "o número imenso de procedimentos potenciais" faz da odontologia uma área ideal de investimento. 

Produção adicional de dentes

Existem inúmeros motivos para acreditar que a regeneração de dentes é viável, de acordo com Mary MacDougall, diretora associada da Escola de Odontologia da Universidade do Texas. Muitos dos vertebrados inferiores desenvolvem novos dentes constantemente -e algumas espécies de tubarões produzem milhares deles ao longo de uma vida. Ainda que os mamíferos tenham perdido essa capacidade há muito tempo, as pessoas com certas doenças genéticas de fato geram dentes adicionais. E os ossos -que compartilham de certos materiais básicos com os dentes- podem se regenerar depois de ferimentos, então por que o mesmo não se aplicaria aos dentes? "A cada vez que temos uma fratura, nossos ossos se curam. Estamos apenas tentando aumentar a capacidade do corpo quanto a isso", diz MacDougall. 

Não será fácil. Os dentes são compostos por diversos tipos diferentes de tecidos, entre os quais a dentina dura, e por uma camada fina de esmalte-a substância mais dura do corpo humano. O desenvolvimento deles é deflagrado por sinalização bilateral entre as células de pele, ou epiteliais, das gengivas e as células ósseas. As dificuldades são muitas, mas existem muitos pesquisadores otimistas e trabalhando em linhas diferenciadas de ataque. MacDougall diz: "É essa mistura de abordagens que levará a uma solução". 

A posição dos otimistas foi estimulada pela confirmação de que existem células-tronco dentárias. As células-tronco têm a capacidade incrivelmente valiosa de se desenvolver na forma de tipos diferentes de tecido. No passado consideradas como presentes exclusivamente em embriões, agora se sabe que elas de fato persistem em muitos tecidos. 

Dois anos atrás, Songtau Shi e colegas do Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos descobriram células capazes de se tornar odontoblastos produtores de dentina. Os pesquisadores usaram polpa dental extraída de dentes do siso (3º molar) humanos, dividiram-na com enzimas e procederam à incubação em soluções de Petri. A maior parte das células morreu, mas algumas poucas continuaram crescendo e se dividindo -um sinal claro de que se tratava de células-tronco. Os pesquisadores calcularam que dos milhões de células em uma câmara de polpa dentária, cerca de 80 são células-tronco. 

O próximo desafio era descobrir se essas células poderiam ser encorajadas a se desenvolver na forma de odontoblastos. A equipe de Shi misturou as células-tronco da polpa dentária com hidroxiapatita, a parte mineral da dentina, e as implantaram sob a pele de camundongos, para simular sua posição normal debaixo das células epiteliais da gengiva. Dois meses mais tarde, algumas das células haviam  se transformado em odontoblastos, e começaram a excretar dentina, com sua reveladora estrutura cristalina. E algumas haviam formado uma substância semelhante à polpa, contendo vasos sangüíneos e tecido nervoso. "Todos nos surpreendemos quando vimos o resultado no microscópio", relembra Shi. "A experiência demonstrava que a regeneração de dentes era pelo menos teoricamente possível". 

Transformar camundongos em fábricas de dentes é uma opção pouco atraente. Outros pesquisadores estão tentando gerar o sinal vital epitelial de maneira mais autêntica. Localizar as células-tronco do epitélio será muito mais difícil do que localizar as da polpa dentária. Durante o desenvolvimento, as células produtoras de esmalte (ameloblastos) se posicionam sobre o esmalte que excretam. Tão logo um dente irrompe através da gengiva, a camada superficial de ameloblastos é desgastada rapidamente e perdida para sempre -ou é isso que as pessoas sempre acreditaram. 

MacDougall, porém, diz que sua equipe descobriu uma fonte de células epiteliais dentro dos dentes de ratos adultos -ainda que ela não informe exatamente onde por motivos comerciais. Quando essas células são cultivadas em laboratório ao lado de células de polpa dentária, formam-se estruturas de dentina e esmalte. MacDougall diz que "não é 100% um dente", mas perto disso. O próximo passo de seu grupo será implantar o dente nas mandíbulas de animais, permitindo que ele se funda lentamente com o osso ao longo de alguns meses. Em clínicas, um cronograma assim longo seria desvantajoso, diz ela, mas não muito pior do que o dos implantes de titânio usados hoje, lembra. 


Dente em botão

A abordagem de MacDougall não é a única, porém. Há quem favoreça o cultivo de um dentre dentro da gengiva mesmo, permitindo que o cimento e os ligamentos se desenvolvam de maneira mais natural. O plano é inserir um dente em uma gengiva em estágio muito anterior de seu desenvolvimento, quando não passa de um conjunto de células, um "dente em botão" de apenas alguns milímetros de comprimento. 

Um dos que planejam usar essa abordagem é Jay Vacanti, que trabalha no Massachussets General Hospital, de Boston. Vacanti é um dos pioneiros na engenharia de tecidos -cinco anos atrás, ele ajudou a criar a famosa "orelha" artificial implantada de maneira tão bizarra nas costas de um rato. Em trabalho submetido para publicação, ele e Pam Yelick, do Instituto Forsyth, de Boston, estão cultivando dentes dentro de ratos, em seus intestinos. Trata-se de uma técnica já testada com sucesso na engenharia de tecidos, aproveitando o rico suprimento de sangue intestinal. 

"Nós geramos com sucesso pequenos dentes que contêm estruturas epiteliais e mesênquimas", diz Yelick. "Agora, estamos aprendendo como criar dentes maiores alterando as condições de cultivo". Por enquanto, Vacanti e Yelick estão obtendo células de dentes em desenvolvimento em embriões de ratos. Yelick diz que o próximo obstáculo será descobrir como cultivar dentes com células-tronco adultas. 

Em Londres, depois de muitos anos de trabalho com células-tronco embriônicas, Sharpe está agora usando células-tronco adultas, ainda que não revele quais. E está cultivando dentes em soluções de cultura, e não no interior de animais. Ao descobrir as moléculas sinalizadoras corretas, ele persuadiu diversos tipos de célula-tronco de camundongos adultos a se desenvolverem como células progenitoras de dentes e como dentes imaturos. 

O próximo passo para ele é implantar os brotos de dentes em mandíbulas de animais. Ele calcula que o broto dentário em desenvolvimento atrairá suas próprias conexões nervosas e sangüíneas, e desenvolverá cimento e ligamentos próprios. "Assim que se dá o primeiro empurrão, eles crescem sozinhos", diz. 

Ainda que tenha publicado poucos detalhes de suas técnicas, diversos pesquisadores no ramo acreditam que Sharpe seja o cientista a observar. Sharpe confia em que suas técnicas atingirão estágio clínico, e criou uma empresa, a Odontis, para explorá-las. Ele não se preocupa muito com as críticas de que o desenvolvimento de dentes é complexo demais para ser emulado. "Sim, é complicado", diz. "Mas estamos permitindo que as rotas naturais de desenvolvimento embriônico trabalhem em nosso favor". 

Mutação genética

Esses implantes de brotos de dentes seriam quase como a coisa real -mas não completamente. MacDougall tem objetivo ainda mais ambicioso -persuadir dentes a crescer, do zero, de dentro da gengiva. Ela acredita que a pesquisa de sua equipe sobre uma bizarra desordem genética chamada displasia cleidocranial abrirá o caminho. As pessoas afetadas sofrem de diversas anormalidades, incluindo cabeças deformadas, falta de ossos claviculares e, intrigantemente, dentes adicionais. 

Todos os problemas derivam da mutação de um único gene, o RUNX2. Ele tem tantos efeitos que é evidente que deve desempenhar um papel-chave no desenvolvimento inicial do esqueleto, conectando-se a muitos genes posteriores, diz Macdougall. O laboratório dela está tentando descobrir qual desses genes posteriores deflagra o desenvolvimento de dentes, e como acioná-lo. "O corpo tem capacidade para fazê-lo. Precisamos apenas aprender mais sobre o processo e adquirir controle sobre ele", diz. MacDougall quer ganhar a capacidade de provocar o desenvolvimento de um novo dente com uma ou duas injeções na gengiva, para que alguns meses mais tarde surja um dente plenamente formado. 

Embora os implantes de brotos dentários de Sharpe talvez pareçam mais promissores por enquanto, a meta de longo prazo de MacDougall talvez se prove mais simples para os pacientes. MacDougall admite, porém, que esse tratamento envolveria um preço a ser pago. O processo de surgimento de um dente através da gengiva -a dentição-, é algo que não nos deixou muito contentes da última vez que passamos por ele, aos seis meses de idade. "Jamais pensamos na erupção de dentes como problema, até recentemente", diz. "Um jornalista de uma revista masculina de saúde me perguntou se os homens estariam prontos a passar de novo pela dentição. É um problema potencial". A maior parte das pessoas conseguiria suportar o desconforto sem muitas queixas, acredita ela. "Suponho que possamos lhes receitar anestésicos, ou um protetor bucal".

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terça-feira, 10 de maio de 2011

Odontologia Especial

A Odontologia Especial é a área da odontologia que assiste aos pacientes que apresentam desvio de normalidade - de ordem física, mental, sensorial, de comportamento e crescimento - tão acentuados a ponto de não se beneficiar de programas rotineiros de assistência.(Programa Nacional de Assistência Odontológica ao Paciente Especial - 1992 ). Roberto Elias (2001) define sendo todo paciente que apresenta necessidades especiais de atendimento odontológico cuja outras especializações, não familiarizada com a patologia oral, apresenta dificuldades técnicas científicas na resolução do caso. Entendendo o paciente de uma forma global, especificamente no contexto do tratamento das diversas alterações da cavidade bucal , conseqüentemente restabelecendo a qualidade de vida.